Para o post de hoje eu resgatei
um livro que li já há algum tempo.
O livro “Yakuza Moon: Memórias da
filha de um gâgster” de Shoko Tendo é uma autobiografia de bastante peso e
impacto, sem muito espaço para felicidade ou qualquer outro tipo de amenidade
que muitas vezes aparece em livros ou filmes que retratam a máfia.
De maneira geral essa é a
história de Shoko Tendo, filha de um dos chefes da máfia japonesa, a Yakuza.
Ela vai retratar em pouco mais de duzentas páginas como foi viver dentro desse
círculo e de que forma isso influenciou sua própria vida.
Na época de criança, quando ainda
era “tudo normal”, quantas vezes ela e as irmãs não presenciaram desde a autoridade e a violência do próprio pai, que
chegava em casa bêbado e carregado por mulheres, até a paciência e obediência
da mãe em recebê-lo e cuidar dele e da família apesar de todas as adversidades.
Mas é durante sua adolescência
que as coisas começam a mudar. Incentivada pelo comportamento da irmã mais
velha, Maki, que se tornou uma “yanki”,
“uma dessas adolescentes rebeldes que descolorem o cabelo e andam pela cidade
em carros envenenados ilegalmente ou motocicletas com o escapamento aberto” (TENDO;
SHOKO, 2010, p.29, grifo da autora), Shoko também vai enveredar pelo mesmo
caminho, descobrindo, na sequência, o sexo, as drogas, as gangues, as brigas e
a prisão.
Por enquanto os relatos são “mais
do mesmo” no quesito juventude transviada. Mas a história vai esquentando
conforme o tempo passa e a família de Shoko acaba contraindo dívidas. Sem
dinheiro para pagar, os cobradores invadem sua casa levando aos poucos tudo que
eles têm. Quando a situação parece se tornar a mais insustentável possível
surge um agiota, a quem o pai de Shoko deve uma quantia astronômica, que em
troca do perdão das dívidas da família, exige um “relacionamento” de praticamente
prostituição, levando-a mais fundo ainda nas drogas e no desespero.
Para o leitor que já chegou quase
a metade do livro e pensa que as coisas tendem a rolar de vez para o fundo
poço, eis que aos poucos surgem reviravoltas que acabam levando Shoko de volta
à superfície. Primeiro ela consegue se livrar de vez do agiota perseguidor,
apesar de nunca conseguir salvar sua família da pobreza iminente, depois ela
consegue se relacionar com outros homens, que é claro, ainda estão bem longe de
serem “honestos”, já que um deles é casado e o outro um membro da Yakuza
bastante violento e possessivo.
Mas depois de quebrar não só a
cara diversas vezes, ela acaba encontrando em Taka um companheiro de fato, para
todos os momentos de alegria e tristeza, saúde e doença, riqueza e pobreza, que
a vida deles vai proporcionar ao longo do tempo que ficarem juntos.
É bastante claro que esse livro
não é nenhum romance. Não há finais felizes ou glamour. Os relatos de Shoko são
pulsantes, latejando a cada nova passagem. Não dá para esquecer o que se leu
desde o começo e, mesmo depois de algum tempo, não se apaga uma história como
essa.
Uma mulher que viveu no limite,
dentro do que é considerada uma das máfias mais perigosas do mundo, não
significa pouca coisa. A história dela pode não ser exemplo de comportamento ou
de como construir uma vida, mas não pode passar em branco.
Acredito que livros assim sirvam
sim para nos ensinar. Se não for para acrescentar algo, pelo menos nos tira do “conforto”
das histórias novelescas, onde desde o começo já sabemos que no final há sempre
um “felizes para sempre”. Não sei se alguém pretende ler esse livro, mas para o
caso de sim, não quero estragar o final. Basta saber que tudo acaba com um
simples “a vida continua...”.
Até o próximo post!
Ola Mariane.
ResponderExcluirEu adorei esse livro, vale muito a pena ler!
Oi Vinícius!
ExcluirCom certeza vale muito a pena. Até porque é bom mudar um pouco estilo também!
Oi Mariane!
ResponderExcluirNossa que resenha bem escrita. Passou as impressões do livro tão bem que preciso urgentemente dele.
Realmente no meu caso existem momentos de cansaço em relaçãos aos livros novelescos. Esse de fato é um livro que promete muitas reflexões.
Maravilhosa dica, muito bom mesmo! Já vou inserir na minha meta de 2012, resta saber se vou dar conta de todos, pois ultimamente muitos estão me chamando atenção! Sucesso no blog minha linda, tem tudo pra crescer mais e mais pois você escreve super bem!
Beijão!
http://bellaletra.blogspot.com.br/
Oi Mariane, parabéns pelo blog! Curti bastante a resenha, está de parabéns.
ResponderExcluirJá haviam me falado desse livro, histórias sobre a yakuza sempre fascinam.
Como sugestão, leia Tóquio Proibida, de Jake Adelstein. Ele foi o primeiro jornalista estrangeiro a trabalhar na imprensa japonesa, e ele retrata como foi fazer parte da editoria policial de um dos jornais mais vendidos por lá, escrevendo principalmente sobre a yakuza. E melhor, é tudo verídico! Li rapidinho, aposto que você vai gostar também.
Beijos.
Obrigada!!
ResponderExcluirObrigada pela dica, com certeza já vou procurar para ler!
E fique à vontade para voltar e comentar as resenhas hein?!
Bjos