Espero que vocês tenham gostado
do primeiro post!
Para hoje eu vou escrever sobre
um livro que acabei de ler e achei simplesmente fantástico.
Há alguns anos um professor que
tive na faculdade disse em aula que o que torna uma história boa e crível é a
capacidade do escritor de fundir elementos reais à ficção, dando ao leitor a
impressão de uma realidade bastante plausível. Pois é embasada nisso que digo,
categoricamente, que “A Trama do Casamento” de Jeffrey Eugenides é um romance
incrivelmente real.
Para situá-los melhor, a história
acontecida nos primeiros anos da década de 80, traz como protagonista a jovem
Madeleine Hanna, 22 anos, estudante de letras, apaixonada pela literatura
inglesa do período vitoriano e prestes a ser formar. Ela faz parte de um mundo
onde as mulheres lutam pela igualdade que vêm sido brandida desde os anos 60
com o movimento hippie, o advento do anticoncepcional e o ideal do amor livre.
O centro da história é a escolha
dela em manter o relacionamento com o cientista e maníaco-depressivo Leonard
Bankhead, presa à paixão e ao desejo surgidos na época em que se conheceram
(quando ele ainda não apresentava as características da doença) e a vontade de ajudar e fazê-lo voltar a ser quem era antes. Além do
foco nela, há também o paralelo com o amigo Mitchell Grammaticus que ao se
formar embarca em uma viagem-clichê de autodescoberta passando pela Europa,
Grécia e Índia, de onde finalmente regressa com mais dúvidas que respostas.
É possível identificar três
conflitos que norteiam a trama: a escolha de Madeleine entre Leonard e
Mitchell, a dificuldade em manter um relacionamento às minguas com Leonard e, a
busca por superação e respostas de Mitchell. Embora o que a envolva seja
principal, já que ela é a protagonista, eu vejo a busca de Mitchell como o
conflito mais interessante.
O que envolve Madeleine é
basicamente a dualidade entre o “mundo” que ela foi educada a ver e aceitar
pela sua família tradicional, e o mundo real onde as pessoas têm problemas que
vão além do que imaginamos e, até mesmo, do conseguimos aceitar. A doença
mental de Leonard se torna um tabu na convivência entre ela e sua família, até
o ponto insustentável em que eles, já casados, acabam morando com os pais dela
para ele seja tratado.
Enquanto ela termina casada e
dependente dos pais para cuidar do marido, Mitchell está viajando quando
descobre que, primeiro, seu amigo que o está acompanhando é gay;
segundo, não é tão fácil esquecer Madeleine Hanna e terceiro, não importa
quantas vezes ele leia o livro “Something beautiful for God” de Madre Teresa de
Calcutá, ajudar os outros exige muito mais que aparenta.
O livro “A Trama do Casamento”
não é apenas um romance que fala sobre a dúvida de uma garota de com quem
ficar, é essencialmente um romance sobre descoberta, sobre o que sabemos de nós
e até que ponto podemos chegar negando o que já é evidente. É claro que o que
envolve problemas mentais e psicológicos é mais complexo e, na maioria das
vezes, mais interessante, mas a forma como o amigo de Madeleine se descobre é,
para mim, o mais profundo. Ele prova que não basta ter um discurso bem montado
e cercado de argumentos solidificados por extensas leituras de autores famosos
e conceituados. É preciso que haja um casamento entre o discurso e as ações,
para que as palavras não se tornem vazias. Mas o mais importante ainda é nos
conhecermos, sabermos até que ponto somos capazes e quem somos realmente, e isso
é algo muito íntimo e às vezes até invasivo, já que no simples ato de nos conhecermos,
acabamos adentrando zonas inexploradas que acabam gerando sentimentos de medo,
angústia e até raiva.
Como já coloquei no início, esse
livro é simplesmente fantástico, com toda a construção de personagens e da
trama que tinha tudo para ser uma história qualquer e acabou surpreendendo do
início até o fim. Posso dizer que o autor Jeffrey Eugenides acabou de ganhar
uma fã (mal espero para ler “Virgens Suicidas”, outro livro de sua autoria).
Até o próximo post!
Terminei há duas semana esse novo livro do Jeffrey e gostei do fato do escritor usar as relações entre as três personagens para ir além, falando não só sobre o amor, mas sobre solidão, sobre crescer, tornar-se adulto, sobre até mesmo a própria literatura. É realmente um livro muito bom!!
ResponderExcluirAbraços
Olá Luiza,
ExcluirConcordo plenamente com você!
Como eu não conhecia o autor, quando eu comprei o livro e li o resumo bem por cima, achei que era um romance bem levinho. Mas me surpreendi completamente com a história e com a profundidade que ele coloca nos personagens.
Sem dúvida é um livro incrível!
Caso você se interesse, toda semana vou postar resenhas novas de livros bem variados.